sábado, 24 de fevereiro de 2018

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), as operações de guerra psicológica da Inglaterra envolveram a impressão e a distribuição de inúmeros cartões postais de propaganda. Muitos deles foram impressos em português, assim como outros tipos de impressos, como por exemplo, brochuras. Todo esse material foi distribuído em países lusófonos, tais como Brasil e Portugal.

A impressão e a distribuição de propaganda de guerra na forma de cartões postais pela Inglaterra também ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), informa José Pedro Mataloto [1]. De acordo com esse autor, foi no contexto da "Grande Guerra" que as operações de guerra psicológica se tornaram uma prática formal por parte dos países beligerantes [2].

O cartão postal que faz parte desta postagem mistura imagem e texto escrito. Uma fotomontagem em que um Sargento da Real Força Aérea é comparado com uma bomba de novecentos quilos que, segundo informa o próprio postal, representa as quatro mil bombas deste porte lançadas sobre objetivos industriais e militares na Alemanha, pelos bombardeiros da RAF (figura 1).

Figura 1: frente do cartão postal. Coleção: Wilson de Oliveira Neto.

A fotomontagem foi um recurso gráfico recorrente nas propagandas de guerra aliada e do eixo durante a Segunda Guerra Mundial. Aliás, ela foi usada em outros contextos históricos, como por exemplo, a Revolução Russa e o Stalinismo - ambos na antiga União Soviética. A divulgação de dados quantitativos também.

Contudo, esses dados devem ser considerados com cuidado, especialmente, quando levado em consideração o regime de informação em que eles foram produzidos e divulgados. A respeito da Inglaterra, Phillip Knightley adverte que, durante a Segunda Guerra Mundial, houve muita desconfiança acerca dos dados e dos informes oficiais ingleses [3]. De acordo com ele, "[...] toda declaração britânica, toda matéria divulgada pelo ministério, era automaticamente rotulada como propaganda" [4].

Algo absolutamente normal em um conflito que, em grande medida, foi uma guerra de informação e contrainformação.

Notas:

[1] - MATALOTO, José Pedro. Postais da Primeira Guerra Mundial: instrumentos de influência e de ação psicológica. In: VENTURA, António. Portugal na Grande Guerra: postais ilustrados. Lisboa: Edições Tinta-da-China, 2015, p. 18.
[2] - Ibidem, p. 17.
[3] - KNIGHTLEY, Phillip. A primeira vítima: o correspondente de guerra como herói, propagandista e fabricante de mitos, da Criméia ao Vietnã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975, p. 289 (Coleção Convergência).
[4] - Ibidem, idem, p. 289.

Nenhum comentário:

Postar um comentário