sábado, 29 de agosto de 2015

Os desenhos das crianças do campo de concentração de Terezín.

O genocídio judeu, entre 1933 e 1945, é um dos fenômenos históricos mais marcantes do século 20. Resumidamente, ele consistiu na identificação, na reunião e no extermínio de, aproximadamente, seis milhões de judeus na Europa pelos nazistas e seus colaboradores existentes nos países ocupados durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). Os campos de concentração foram parte da estrutura construída para viabilizar o genocídio (CARNEIRO, 2002)

O Gueto/Campo de Terezín.

Terezín é o nome de um pequeno município localizado na República Checa, próximo à capital Praga (Praha, em checo). Ele surgiu a partir de uma fortaleza militar construída durante o século 18, no contexto do governo do imperador Habsburgo José II e das guerras entre o Império Habsburgo e o Reino da Prússia (CHLÁDKOVÁ, 2005).

Durante a Segunda Guerra Mundial, o território checo esteve sob ocupação militar alemã. O município de Terezín foi transformado em um gueto/campo de concentração, que funcionou entre os anos de 1941 e 1945, quando, no dia 10 de maio, foi libertado pelo Exército Vermelho, conforme registra Ludmila Chládková (2005).

A vida cotidiana em Terezín foi muito dura e precária. Ao longo da guerra, morreram cerca de trinta e cinco mil prisioneiros, entre os quais jovens e adultos, homens e mulheres. "The overall balance was shattering: including the dead from the evacuation transports in the end of the war, in Terezín died in all 35 000 prisoners" (CHLÁDKOVÁ, 2005, p. 24).

As crianças de Terezín.

Entre 1944 e 1945, milhares de crianças judias foram deportadas, junto com seus pais ou oriundas de orfanatos, para Terezín. No campo, apesar de todas as dificuldades e de toda a violência, as lideranças judaicas procuraram manter uma improvisada rotina de educação formal, através de espaços denominados "Heime". Cada Heim atendia de 20 a 30 crianças e jovens com até 14 anos de idade. Lá, eram ministradas ilegalmente aulas e demais atividades intelectuais, tais como leituras, debates e dramatizações teatrais. Chládková (2005) menciona até práticas esportivas.

Os cartões postais a seguir, foram produzidos a partir dos desenhos feitos por crianças judias prisioneiras em Terezín, durante suas atividades escolares no campo. A maioria dos autores dos desenhos foi morta no complexo de campos de exertmínio de Auschwitz, em 1944. Não é conhecido o número de total de desenhos produzidos pelas "crianças de Terezín". Porém, há preservado no Museu Judeu de Praga uma coleção de quatro mil desenhos que documentam, através do olhar da criança, o drama e a violência do Holocausto (CHILDREN'S DRAWINGS FROM THE TEREZIN CONCENTRATION CAMP, s.n.t.).

*
*   *















Série de quinze cartões postais ilustrados com os desenhos produzidos em Terezín por crianças judias, nas escolas clandestinas. Destas, somente uma sobreviveu à guerra. As demais morreram em Auschwitz, ao longo do ano de 1944. Coleção: Wilson de Oliveira Neto.


Referências.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Holocausto: crime contra a humanidade. São Paulo: Ática, 2002 (História em Movimento).
CHILDREN'S DRAWINGS FROM THE TEREZIN CONCENTRATION CAMP. s.n.t.
CHLÁDKOVÁ, Ludmila. The Terezin Ghetto. Terezín: s.n., 2005.

sábado, 8 de agosto de 2015

Propaganda anticomunista alemã.

Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) foi uma guerra entre potências. O historiador britânico Richard Overy (2014) afirma que, as potências que lideraram o Eixo (AlemanhaItália e Japão) firmaram um compromisso em mudar o sistema internacional vigente. Através da assinatura do Pacto Tripartite, em 27 de setembro de 1940, uma Nova Ordem deveria ser estabelecida na Europa, através da Alemanha e da Itália, e no Extremo Oriente, com o Japão.

Porém, a intenção de mudar o sistema político internacional da década de 1930 foi acompanhada de um forte política anticomunista, expressa, por exemplo, através da assinatura entre a Alemanha e o Japão do Pacto Anti-Komintern, em 25 de novembro de 1936. O anticomunismo foi parte do imaginário político do regime nacional-socialista. Conceitualmente, Comunismo e Nacional-Socialismo foram ideologias políticas completamente diferentes, tal como explicou o também historiador britânico Richard J. Evans (2010). Há na filatelia alemã, especialmente, da década de 1940, diversos exemplos de marcas e selos postais com forte caráter anticomunista, como por exemplo, o carimbo comemorativo que é o tema desta postagem.

*
*   *

Envelope possivelmente circulado dentro da cidade de Berlim (Alemanha, 20/04/1943) - sem chegada registrada. Carta simples e com franquia isolada de 8 Centavos de Marcos (os 22 Centavos cobrados pelo selo são sobretaxa e não influenciavam no valor do porte pago pelo remetente), preço este pago para cartas com até 20 gramas, circuladas em "tráfego de curta distância". O selo postal fixado sobre o envelope (Mi. DR, 846) foi obliterado com um carimbo comemorativo de propaganda de guerra anticomunista, com destaque para a frase a seguir: "Unser Führer bannt den Bolschewismus". Durante o final de 1944, no contexto do avanço soviético sobre o território alemão e do colapso da própria Alemanha na Segunda Guerra Mundial, o imaginário político anticomunista foi reforçado entre civis e militares alemães, alimentado por uma forte máquina de propaganda, que nada mais fez que conduzir a Alemanha a um amargo fim (KERSHAW, 2015).

Figura 1: frente do envelope. Coleção: Wilson de Oliveira Neto.

Referências citadas.

EVANS, Richard J. A chegada do Terceiro Reich. São Paulo: Planeta, 2010.
KERSHAW, Ian. O fim do Terceiro Reich: A destruição da Alemanha de Hitler, 1944 - 1945. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
OVERY, Richard. A Alemanha firma suas posições: o teatro de guerra do Mediterrâneo e do norte da África. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2014 (Coleção Folha As Grandes Guerras Mundiais; v. 11).