quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Olympisches Dorf.

Fonte: HOLMES, Judith. Olimpíada - 1936: glória do Reich de Hitler. Rio de Janeiro: Renes, 1974 (História Ilustrada da 2a. Guerra Mundial: conflito humano; v. 3).

Berlim, 1936.

Os Jogos Olímpicos de Berlim, realizados entre os dias 01 e 16 de agosto de 1936, são desconcertantes. Foram promovidos por um regime político criminoso e racista, que acabou levando o mundo a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Contudo, as Olimpíadas de 1936 foram um evento esportivo impecável quanto à sua organização e realização. Por outro lado, inaugurou-se a intervenção política no certame olímpico. Ou seja, mais que uma confraternização entre as nações, através do esporte, os Jogos Olímpicos tornaram-se um meio de projeção internacional dos países participantes. Porém, é essa contradição que torna a história postal das Olimpíadas de 1936 tão fascinante. O Correio alemão foi generoso na emissão de flâmulas, selos e demais itens postais ligados aos jogos.

Durante as próximas semanas, postarei imagens contextualizadas da minha coleção de selos, envelopes circulados e demais documentos postais relacionados aos Jogos Olímpicos de 1936. Iniciarei com o meu item favorito, um envelope circulado entre a vila olímpica (14/08/1936) e a cidade de Olovo (17/08/1936), na antiga Iugoslávia. Uma peça filatélica impecável, em uma concordância perfeita entre envelope, selos e carimbos.
A Vila Olímpica.

Os Jogos Olímpicos de Berlim foram o maior evento esportivo ocorrido até então. Para sua realização, investiu-se um total de, aproximadamente, 30 milhões de dólares.
A primeira vez que uma vila olímpica foi construída foi para as Olimpíadas de Los Angeles, em 1932. Para 1936, os alemães construíram uma cidade modelo para receber as delegações dos países participantes. O local para a construção da Olympisches Dorf foi escolhido em 7 de novembro de 1933. Localizava-se nos arredores de Berlim, ao norte de uma estrada para Hamburgo.

"Os irmãos March traçaram os planos para a Vila e o exército foi encarregado de sua construção e administração. A Vila ficaria a 15 e 20 minutos do Estádio Olímpico. Eles construíram 140 casas para os times, cada qual com o nome de uma cidade alemã, dispostas em fileiras curvas, de acordo com os contornos naturais da paisagem, e suas paredes brancas e cremes e seus telhados vermelhos brilhavam num belo contraste com o verde-escuro do bosque próximo" (HOLMES, 1974, p. 72).

"A decoração dos interiores foi entregue a um grupo de jovens artistas das melhores escolas da Alemanha. Cada casa continha de 8 a 12 camas beliches, um quarto para seu administrador, perto da entrada da casa, e cabine telefônica, banheiro, chuveiro e toalete, assim como uma sala, disposta em cada construção de modo a permitir que se apreciasse a paisagem. Os quartos tinham ainda cortinas, almofadas e tapetes feitos à mão, como também todos os móveis necessários. As salas eram decoradas com quadros que ilustravam a vida e a região da cidade cujo nome fora dado à casa" (Ibidem, p. 74).

"[...] cada equipe podia utilizar um pequeno escritório para fins de sua organização, e situado perto de um dos restaurantes. Estes eram, por sua vez, em número de 38, representando a Berlim da época. Havia também bom número de lojinhas e um cinema, um hospital, um correio, campo para exercício, facilidade para nadar e mesmo pequenos troncos espalhados por todos os lados, onde se podia sentar com tranquilidade" (Ibidem, p. 74).

Predominava na vila olímpica um ambiente bucólico, reforçado pela existência de um bosque com comedouros, quedas d'água e viveiros. O Lóide Alemão do Atlântico Norte foi responsável pela alimentação das equipes hospedadas na vila. A oferta de alimentos era farta, variada e de ótima qualidade, voltada para as necessidades e hábitos alimentares de cada delegação.

Cada delegação teve ao seu dispor um oficial do exército alemão como anfitrião, além de um grupo de jovens que estava à disposição para o cumprimento de qualquer tarefa solicitada. Durante os Jogos Olímpicos de Berlim, ocorreu a primeira cobertura de imprensa em "tempo real". Entre outras iniciativas para isso, foi publicado um jornal em quatro idiomas, denominado Olympia Dienst. Finalizando, as Olimpíadas de 1936 bateram todos os recordes de audiência estabelecidos até aquela época. Foram vendidas 4.500.000 entradas para as competições e arrecadados 2.800.000 dólares.

Fontes.

ABRIL COLEÇÕES. 1919 - 1939: Hitler desafia a ordem mundial. São Paulo: Abril Coleções, 2009 (Coleção 70. Aniversário da 2a. Guerra Mundial; v. 1).

HOLMES, Judith. Olimpíada - 1936: glória do Reich de Hitler. Rio de Janeiro: Renes, 1974 (História Ilustrada da 2a. Guerra Mundial: conflito humano; v. 3).

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Super legal!!!

Há muita coisa boa na internet sobre Filatelia. O blogue Super Filatélico é um exemplo disso. Mantido pelo amigo Paulo Duek, ele é um colírio para os olhos e uma aula de Maximafilia e outros itens ligados à Filatelia.
http://http://www.superfilatelico.blogspot.com/
Ps: aos interessados, eu chamo a atenção para um belíssimo máximo postal sobre lindas romãs vermelhas.

Bilhete postal alemão de 1934.

Quando tudo começou...



Após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e a revelação dos inúmeros crimes cometidos pelo regime nacional-socialista antes e durante este conflito, uma pergunta foi comum entre os historiadores e os demais interessados pelo passado recente da humanidade: como que Adolf Hitler e o Nacional-Socialismo foram possíveis?


Hitler foi nomeado primeiro-ministro em 30 de janeiro de 1933, em meio aos efeitos devastadores da Crise de 1929 sobre a economia e sociedade alemãs. Sua nomeação e posse foram importantes para a manutenção da governabilidade do mandato do então presidente Paul von Hindenburg.


O bilhete postal abaixo, em alemão, postkarte, foi emitido durante o início do ano de 1934 e celebra o aniversário de um ano da nomeação de Adolf Hitler para o cargo de primeiro-ministro. Na ocasião, ele ainda não era o Fueher dos alemães, poder este obtido somente após a morte de Hindenburg, em 2 de agosto de 1934, quando o Exército alemão manifestou o seu apoio a Hitler na sucessão do falecido presidente.









Bilhete postal alemão circulado entre as cidades de Nuremberg (30/01/1934) e Bremen, sem data de chegada registrada. O valor do porte, 6 Pfg., corresponde ao porte a ser pago por esse tipo de correspondência, muito comum na época. Embora sabemos que sua destinatária seja uma tal senhora Mathilde Feuerherd, o remetente desta correspondência é desconhecido.

Eu deixei de explicar algo importante.

Na pressa de preparar o layout deste blogue, assim como de publicar sua primeira postagem, eu deixei de explicar como que ele irá funcionar. O meu objetivo principal é divulgar a Filatelia através da exibição e discussão dos selos e documentos postais que possuo em minhas coleções. Atualmente, eu coleciono os seguintes países e temas: Alemanha - período nacional-socialista (1933/45), Protetorado da Boêmia e Morávia (1939/45), Berlim Ocidental (1948/90) e República Federal da Alemanha (1949/90); Brasil - folhinhas filatélicas autorizadas e oficiais, e estou tomando coragem para iniciar um estudo sobre as séries "vovó" e "netinha"; Antiguidade clássica greco-romana; Jogos Olímpicos. Além desses países e temas, interesso-me pelas histórias postais dos municípios de Joinville e São Bento do Sul, ambos localizados no Estado de Santa Catarina, no sul do Brasil.



Pode parecer estranho a quem não está familiarizado com a prática filatélica essa seleção de países e temas. Porém, hoje é impossível que um filatelista colecione todos os países do mundo ou tudo quanto é tema. Isso só seria possível se o indivíduo colecionador fosse podre de rico e fizesse mais nada, além de colecionar selos. Como esse não é o meu caso, limito os meus esforços aos países e temas listados anteriormente.



Pretendo publicar algo, pelo menos, uma vez por semana. Via de regra, as publicações semanais consistirão na imagem de algum item pertencente a uma das minhas coleções, seguida de um breve texto para sua respectiva contextualização. Uma vez por mês, se tudo der certo, quero ver se publico um texto de maior fôlego. Eu também vou aproveitar o espaço deste blogue para divulgar outros blogues pertencentes a filatelistas ou à entidades filatélicas espalhados pelo Brasil. Há muita coisa bacana sobre Filatelia na internet e o mínimo que eu posso fazer é divulgar o esforço que pessoas e instituições fazem para tornar o colecionismo filatélico cada vez mais próxima do público.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Bilhete postal alemão de 1937.





Inteiro postal alemão - bilhete postal (postkarte) circulado entre as cidades de Saarbrücken (15/05/1937) e Dachau, sem data de chegada registrada. Há muitas coisas interessantes neste documento e que merecem ser destacadas: o estilo da escrita com o qual a mensagem do bilhete foi redigida; a flâmula ao lado do carimbo obliterador, cujo conteúdo eu ainda não consegui traduzir; a aplicação de um selo complementar de 6 Pfg. em um tipo de correspondência na qual o valor do porte é de apenas 6 Pfg.



Grana para a guerra.



Inteiro Postal brasileiro - envelope destinado para o envio e recebimento de valores através dos correios da década de 1940, circulado entre as cidades catarinenses de Tanguara (12/07/1947) e Joinville, sem data de chegada registrada. Eu obtive esse documento com o sr. Wolfgang Hermann Kohls, um importante comerciante filatélico joinvilense. Chamo a atenção para o selo nele impresso, que promove a venda de Bônus de Guerra, afinal, o Brasil esteve em guerra contra o Eixo entre 1942 e 1945 e dinheiro foi mais que necessário.



























Algumas palavras para a minha primeira postagem.

O meu envolvimento com a Filatelia ocorreu quando eu tinha 12 anos de idade. Para quem não sabe, este é o nome dado à prática de colecionar e estudar selos e demais documentos ligados à comunicação postal. Na época, eu herdei os remanescentes de uma antiga coleção de selos que pertenceu ao meu bisavô, Juvenal Macedo.



Por volta dos 16 anos de idade, comecei a frequentar as reuniões da Associação Filatélica de Joinville - AFJ, que eram realizadas em uma pequena sede, cujo prédio já não existe mais, localizada no centro de Joinville. Foi lá que eu me tornei filatelista. Para isso, contei com a ajuda de pessoas incríveis, como o saudoso Bruno Carlos Ehrhardt, que me ensinou a manusear catálogos de selos.



Em 1999, eu ingressei na faculdade de História. Apesar de íntima relação entre a Filatelia e o saber histórico, eu acabei me afastando do colecionismo filatélico. Esqueci o quanto era bom passar um pedaço da tarde de Sábado batendo papo e trocando selos com os meus amigos ou receber quase toda a semana a carta de algum filatelista estrangeiro, recheada de selos novos e usados.



Assim, retomei a Filatelia em meados do ano passado, 2011. Voltei a frequentar as reuniões da AFJ, mesmo que uma vez por mês (moro em uma cidade vizinha a Joinville que não possui clube filatélico), além de dar pitaco em um interessante fórum sobre Filatelia existente na internet. Lançar e manter esse blogue faz parte de processo de retorno a algo que sempre me deu muito prazer e satisfação.



Os filatelistas costumam dizer que a Filatelia é uma "janela para o mundo". Particularmente, eu acredito que essa é uma das diversas "janelas" que o colecionismo filatélico possui. Espero que, através deste blogue, outras janelas poderão ser abertas.