terça-feira, 25 de junho de 2013

De Berlim para Berlim - via correio pneumático.

A criação dos serviços postais pneumáticos, durante o final do século 19, foi um dos reflexos da Revolução Industrial. A cidade de Viena, capital da Áustria, foi o local em que funcionou o primeiro serviço postal pneumático, em 1875. Segundo o filatelista Peter Meyer (2012), o "correio pneumático" consistiu no transporte de correspondências urgentes através de sistemas de tubulação instalados em grandes cidades, como por exemplo, Buenos Aires e Rio de Janeiro. As cartas eram acondicionadas dentro de "balas" e estas disparadas de um ponto a outro da tubulação mediante o emprego de ar comprimido.
 
O envelope desta postagem circulou pela rede pneumática da cidade de Berlim, na Alemanha. Ela funcionou entre 1865 e 1976. Tratava-se de um sistema 400 km de extensão, composto por estações de despacho e recebimento. A empresa Siemens & Halske foi responsável pela sua construção. Embora os primeiros envios de correspondência tenham ocorrido em 1865, somente em 1876 foi que o serviço postal pneumático de Berlim foi aberto ao público. O serviço postal pneumático de Berlim (Berlim Rohrpost) foi o segundo maior da Europa, superado pela rede parisiense, inaugurada em 1879 (BERLINER UNTERWELTEN e.V., 2013).
 
Envelope circulado dentro da cidade de Berlim (03/12/1938), entre Charlottenburg e Halensee. Carta simples e transportada pelo Serviço Postal Pneumático, conforme comprova a etiqueta rosa fixada no canto esquerdo do mesmo com as seguintes palavras: Correio Pneumático (Rohrpost) e Expressa (Eilbote). Coleção: Wilson de Oliveira Neto.
 
Verso do mesmo envelope, onde foi aplicada uma marca postal em forma de cápsula, dentro da qual há escrito o número 3. Seria este o número da bala ou do tubo através dos quais esta carta foi transportada? Coleção: Wilson de Oliveira Neto.
 
Referência:
 
BERLINER UNTERWELTEN e. V. Die Berliner Rohrpost.
MEYER, Peter. Catálogo de selos do Brasil 2013: completo de 1648 - 2012. 58. ed. São Paulo: Editora RHM, 2012.



sexta-feira, 21 de junho de 2013

Do Rio de Janeiro para Guara-Mirim.

A História Postal é um campo da Filatelia que reúne e estuda documentos que ajudam a narrar a trajetória das comunicações postais. Nesse sentido, as coleções e as monografias sobre História Postal destacam-se entre as demais formas de colecionismo filatélico, pois podem abordar recortes temporais anteriores à criação do selo postal (Inglaterra, 1840), além de transitarem com mais destreza pelos conceitos e métodos da História.

O estudo de História Postal, seja uma coleção organizada para uma exposição ou um trabalho escrito na forma de monografia, vai além da coleta de dados acerca de um determinado aspecto da comunicação postal ao longo do tempo. Através do estudo do passado postal, podemos conhecer contextos históricos, práticas sociais, visões de mundo e muitas outras coisas. É o que mostra esta postagem, inspirada no trabalho de Reinaldo Jacob (2013) acerca da construção e inauguração da ponte internacional Brasil-Argentina, ingurada em 21 de maio de 1947.

Como parte da celebração, os Correios brasileiros lançaram em 1945 um selo postal comemorativo alusivo à construção e à inauguração da ponte. Porém, com a deposição de Getúlio Vargas, cuja efígie ilustrada o selo, o mesmo foi recolhido e desmonetarizado, respectivamente, em 1945 e 1946. Mais tarde, o então Departamento de Correios e Telégrafos autorizou a venda dessa série para fins filatélicos (JACOB, 2013).

O envelope desta postagem é um dos poucos envelopes circulados conhecidos que receberam selos dessa série que, segundo o filatelista Reinaldo Jacob (2013), foi único caso brasileiro de recolhimento com fins políticos. Finalizando, o autor gostaria de agradecer este colecionador por autorizar a publicação do envelope a seguir neste blogue, assim como pelos dados históricos-postais fornecidos.

Envelope circulado entre as cidades do Rio de Janeiro (08/07/1946) e Guaramirim (15/07/1946). Carta registrada, cujo valor pago foi de Cr$ 1,20 referente ao porte para este tipo de correspondência. Como os selos fixados sobre o envelope na ocasião foram desmonetarizados, os mesmos foram inutizados, provavelmente, por um agente postal (riscos em vermelho) e taxado no destino, isto é o porte teve de ser pago pelo destinatário. Coleção: Reinaldo Jacob.

Verso do envelope, onde é possível identificar o remetente e visualizar a marca postal de chegada.

Referência:

JACOB, Reinaldo. Ponte internacional Brasil-Argentina. FILACAP: edição especial, Cachoeira Paulista, v. 39, p. 9 - 11, jun. 2013.
 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

De Curityba para o Rio de Janeiro.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), a prática da censura postal não ocorreu apenas em correspondências internacionais despachadas para o Brasil. Foi comum a censura em cartas circuladas internamente, ou seja, dentro do território brasileiro. É o que prova o envelope desta postagem, circulado entre as cidades de Curitiba (PR) e do Rio de Janeiro (RJ), em agosto de 1942, às vésperas da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados.
 
Envelope circulado entre as cidades de Curitiba (23/08/1942) e do Rio de Janeiro (26 e 27/08/1942). Carta simples transportada pelo serviço de Correio Aéreo, conforme comprovam as marcas postais aplicadas sobre o envelope quando da sua saída de Curitiba e da sua chegada ao Rio de Janeiro. Quando da sua chegada ao Rio de Janeiro, na época Distrito Federal, a correspondência foi aberta e seu conteúdo verificada pelo serviço de censura postal. O fato é comprovado através da fita com a qual o envelope foi lacrado e com as marcas postais roxas aplicadas sobre o envelope e a fita de lacre. Coleção: Wilson de Oliveira Neto.

Verso do mesmo envelope, onde é possível ver as marcas postais de chegada ao Rio de Janeiro e a fita para lacre sobre a qual foi aplicado um carimbo roxo com a seguinte informação: "Censura postal. D. Federal". Coleção: Wilson de Oliveira Neto.


quarta-feira, 5 de junho de 2013

De Muskau para Vitória.

A prática da censura postal é uma característica marcante da história postal brasileira. Ela foi iniciada durante a Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, e continuou durante toda a primeira metade do século 20. A bibliografia especializada é rica em exemplos de envelopes circulados com as mais variadas marcas postais e fitas adesivas usadas na prática da censura em correspondências.
O envelope publicado nesta postagem é um vestígio dessa história. Circulado durante o ano de 1936, ele foi aberto e seu conteúdo verificado quando da sua entrada no Brasil. Foi liberado e seguiu viagem até seu destino, um certo Sr. Germano Streithorst, em Vitória (ES). Durante o Entreguerras (1919 - 1939), a prática da censura postal no Brasil não foi sistemática e nem seguiu diretrizes oficiais, ao contrário, por exemplo, da censura postal praticada no Correio Militar da Força Expedicionária Brasileira - CMFEB. Em consequência, há uma grande variedade de marcas postais e fitas adesivas utilizados nos Estados brasileiros. Catalogar e estudar esse aspecto da história brasileira é um grande e estimulante desafio para os filatelistas, historiadores e demais interessados no passado recente do Brasil.
 
 
Envelope circulado entre as cidades de Muskau (07/12/1936) e Vitória (2?/12/1936). Bad Muskau está localizada no leste da Alemanha, no Estado da Saxônia, próxima à fronteira com a Polônia. Já Vitória é a capital do Estado do Espírito Santo e está localizada no Sudeste brasileiro. Carta registrada. Ao chegar ao Brasil, ela foi aberta e seu conteúdo verificado pelo serviço de censura postal, conforme indicam a fita adesiva usada para lacrar o envelope violado e a marca postal aplicada para autenticar o ato e liberar para viagem a correspondência. Coleção: Wilson de Oliveira Neto.