sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Cartas com o Führer.

Uma das características marcantes do regime nacional-socialista foi o culto à personalidade de Adolf Hitler. Entre 1933 e 1945, sua figura esteve presente em diversos aspectos da vida alemã, como por exemplo, as artes, a educação e a política. A admiração e a devoção a Hitler foram reforçadas por um sofisticado aparato de propaganda ideológica, que disseminou a imagem de um führer onipotente e onisciente.
A filatelia alemã da época é rica em itens relacionados ao culto à personalidade de Adolf Hitler, como por exemplo, os dois envelopes circulados a seguir. Ambos circularam dentro do território alemão, como comprovam às obliteções e os destinos redigidos nos mesmos.
Envelope circulado entre as cidades de Mainz (20/04/1937) e Eisench - sem data de chegada registrada. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
 
Envelope circulado entre as cidades de Hohenwested (06/12/1937) e Flensburg - sem data de chegada registrada. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Guerras e revoluções brasileiras: a Segunda Guerra Mundial.

A Segunda Guerra Mundial afetou a história postal brasieira de diversas formas. Uma delas foi a circulação de correspondência ligadas à prisioneiros de guerra. A postagem de hoje faz referência à essa história, através de um bilhete postal circulado entre um campo de prisioneiros na British India e a cidade do Rio de Janeiro, em fins de 1943.
Bilhete postal circulado entre a British India (18/11/1943) e a cidade do Rio de Janeiro (Brasil) - sem data de chegada registrada. O remetente, um certo E. Wiese (prisioneiro número 56.486). Já o destinatário, Dr. Zauder. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
 Verso do bilhete postal, com a mensagem escrita ao Dr. Zauder, escrita em 18 de novembro de 1943. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.

domingo, 26 de agosto de 2012

Terceiro Encontro de Entusiastas da História da Segunda Guerra Mundial.

Ocorreu neste último final de semana, nas dependências do 62 Batalhão de Infantaria de Joinville (SC), o "nosso batalhão", como é carinhosamente conhecido, o Terceiro Encontro de Entusiastas da História da Segunda Guerra Mundial. O evento foi organizado pelo comando dessa guarnição e pelo historiador Carlos Camprestini, diretor no Museu Municipal Felipe Maria Wolf, de São Bento do Sul, Santa Catarina. Entre as diversas atrações programadas para o evento, ocorreu uma micro-exposição filatélica promovida pela Associação Filatélica de Joinville - AFJ.
As coleções expostas têm relação com a história da Segunda Guerra Mundial no Brasil e na Europa. Seus respectivos títulos e proprietários são:
  1. Protetorado Alemão da Boêmia e Morávia (1939/45) - Wilson de Oliveira Neto;
  2. Governo Geral da Polônia (1939/45) - Cesar Luis Salfer;
  3. O Brasil na Primeira e Segunda Guerras Mundiais - Célio Colin.
A seguir, algumas fotografias do local e das coleções expostas:


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Cinderela, a gata borralheira da filatelia?

Nem todas as estampilhas fixadas em bilhetes e cartões postais, envelopes e demais pacotes transportados pelos correios servem para comprovar o pagamento dos seus respectivos portes. Conhecidas como cinderelas, essas etiquetas têm outros objetivos, porém o mais comum é o publicitário. As cinderelas costumam ser desprezadas por muitos filatelistas, especialmente quando se tratam de peças publicitárias emitidas por instituições públicas ou privadas. Por outro lado, tais documentos são o exemplo de como que a comunicação postal extrapola o simples envio e recebimento de correspondências e encomendas. A partir do século 20, especialmente, os correios tornaram-se um dos meios para campanhas beneficentes, movimentos políticos, entre outros. As cinderelas são parte desse processo histórico.
Envelope circulado entre a Cidade do México (12/06/1961) e Utica (Estados Unidos) - sem data de chegada registrada. O pagamento do porte foi comprovado através de uma franquia mecânica impressa em vermelho, no canto superior direito do envelope. Já a estampilha fixada abaixo dessa é uma cinderela de propaganda da luta contra a tuberculose. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O correio militar da Força Expedicionária Brasileira.

Entre os anos de 2003 e 2004 eu participei de um projeto de pesquisa sobre a história do 62o. Batalhão de Infantaria de Joinville, em Santa Catarina. A pesquisa gerou diversos frutos, entre os quais se destaca o livro O Exército e a cidade, publicado em 2008, do qual sou co-autor. Porém, o volume de documentos militares consultados foi enorme e acabei não publicado muitos dados coletados. A postagem de hoje procura fazer justiça à essa omissão e, aos poucos, tornar públicas as informações que obtive sobre o Correio Militar da Força Expedicionária Brasileira - FEB. O assunto é velho conhecido dos filatelistas amantes da história postal e já rendeu diversos estudos publicados em revistas filatélicas e coleções magníficas.

Quando a FEB foi criada e organizada, em 1943, seus responsáveis preocuparam-se com os mais diversos aspectos da sua existência e funcionamento, entre os quais o seu serviço de correio. A imagem a seguir representa os modelos de marcas postais destinadas à censura e à datação das correspondências trocadas entre os pracinhas e seus familiares.

Referência:
MINISTÉRIO DA GUERRA. Boletim do Exército. Vedado à imprensa. Suplemento n. 1: instruções para o funcionamento do Serviço Postal da Força Expedicionária Brasileira. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 1944.

sábado, 18 de agosto de 2012

Fritz, Fritz, apagaram o rosto do Führer!

Logo após o término da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 8 de maio de 1945, nas diversas regiões da Alemanha ocupadas pelos aliados, houve a imediata necessidade de se restabelecer as comunicações postais. O reaproveitamento de selos e bilhetes postais emitidos durante o regime nacional-socialista (1933/45) foi uma das soluções encontradas para esse problema. O bilhete postal (postkarte) a seguir é um exemplo de documento postal pertencente ao então extinto regime nacional-socialista que foi reaproveitado durante o imediato pós-guerra.
Bilhete postal (postkarte) alemão. Note-se que a efígie de Adolf Hitler (1889-1945) impressa originalmente no selo foi apagada através de uma sobre-estampa quadriculada preta. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Envelopes circulados com séries completas.

É comum na filatelia alemã, em particular, entre 1933 e 1945, a existência de diversos envelopes circulados, cujos selos fixados correspondem à séries completas. Tratam-se de verdadeiras peças filatélicas, ou seja, cartas confeccionadas com o objetivo de se tornarem itens de coleção. Via de regra, os envelopes circulados com séries completas são documentos postais belíssimos: selos bem destacados e fixados de maneira simétrica; obliterações limpas e legíveis; caligrafia impecável. Outro detalhe marcante nessas cartas são as etiquetas de registro e os carimbos de chegada que garantem a autenticidade da circulação das mesmas.
Envelope circulado entre Leipzig (Alemanha, 08/03/1940) e Radom (Polônia, ?/?/1940). Carta registrada e obliterada na agência postal que funcionou no salão de exposições da Feira de Leipzig durante a vigência da mesma. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
Verso do envelope, no qual aparece o carimbo de chegada a Radom.
Envelope circulado entre Dresden (24/04/1944) e Pegnitz (25/04/1944). Carta registrada. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
 
Verso do envelope, no qual aparece o carimbo de chegada a Pegnitz.
Envelope circulado entre Dessau (16/05/1944) e Schmallenberg (18/05/1944). Carta registrada. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
Verso do envelope, no qual aparece o carimbo de chegada em Schmallenberg.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Novas aquisições.

Recentemente, adquiri dois novos itens para as minhas coleções sobre a Alemanha nacional-socialista e o Protetorado da Boêmia e Morávia. Aliás, gostaria de registrar nesta postagem os meus mais sinceros agrecimentos ao amigo J. Rodrigues (Postmail) pelo cartão postal alemão, cuja imagem encontra-se abaixo.
Cartão postal circulado entre Berlim (02/09/1941) e ??? (eu ainda não consegui decifrar o nome do destino do postal, escrito em estilo gótico). Os selos fixados correspondem ao valor do porte para esse tipo de correspondência, 6 Rpf. Ao lado esquerdo do carimblo obliterador há uma flâmula de propaganda, com a seguinte inscrição, em uma tradução livre para o português: "Taxa de entrega postal reduzida". Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
Frente do cartão postal, em que é retratada a Petersstrasse, em Leipzig, cidade esta em que há mais de oitocentos anos acontece uma importante feira de negócios.
Envelope circulado dentro da cidade de Praga (08/07/1943). Carta registrada. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.

sábado, 4 de agosto de 2012

No Dia do Selo, um marco está de volta.

Olho de Boi. Primeiro selo brasileiro volta em edição comemorativa.

Rosana Rosar
A reprodução e a comercialização das imagens do "Olho de Boi", primeiro selo brasileiro e segundo do mundo, marcarão o Dia Nacional do Selo em todo o país. Lançado em 1843, há 169 anos, este selo foi fundamental no processo de modernização dos sistemas postais, iniciado pela Inglaterra três anos antes com o selo "Penny Black". Hoje, os selos continuam tendo destaque mundial por dois motivos: sua comercialização para postagem de cartas e encomendas e sua utilização histórica em coleções de filatelistas.
Neste fim de semana, colecionadores catarinenses de selos, moedas, cartões telefônicos e de outros itens se reúnem no Hotel Castelmar, em Florianópolis. Célio Colin, 64 anos, presidente da Associação Filatélica de Joinville, será um dos participantes do Encontro de Colecionadores da Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina. Dono de uma coleção extensa e bem organizada de álbuns filatélicos comuns e temáticos, ele classifica o colecionismo como um hobby impossível de ser abandonado.
"O filatelista não coleciona só o selo, mas envelope, sedex, tudo o que se refere à filatelia, que é um hobby, algo que está no teu ego, cada um tem um tipo de colecionismo em si", comenta. O interesse pelas coleções - Célio também organiza e cataloga moedas, cédulas, cartões telefônicos e outros itens colecionáveis - surgiu na infância e foi aprimorado nos anos 1980, quando entrou na associação. "Eu já brincava com as coisas do meu pai, que era filatelista, com uns oito, dez anos, e com uns 20 comecei a me dedicar. E a filatelia é uma terapia. Quem começa não para mais", conta.
Atualmente, Célio expõe uma coleção que apresenta a história da filatelia no país na agência dos Correios da rua Princesa Isabel, no Centro, e segue pesquisando selos e materiais históricos para as coleções temáticas sobre o Brasil e a Alemanha. "Existe a filatelia clássica, emissão em si por ordem, com selos ordinários, e a temática por assunto. Cada selo tem uma história, existem peças caras, mas tem que investir, como em tudo", avalia. Dentre os álbuns temáticos o colecionador destaca um sobre a ecologia e outro sobre as paticipações do Brasil nas copas do mundo e Libertadores da América.

Selos personalizados.
Além de vender os selos comuns a partir de R$ 0,05, os Correios fazem selos personalizados pelo preço mínimo de R$ 33 por folha. Em Joinville, esse tipo de encomenda deve ser feita no guichê filatélico da agência da rua Princesa Isabel. "A pessoa pode solicitar o selo personalizado como quiser, com sua foto, de um animal de estimação, logo da empresa. É só nos trazer a imagem em arquivo eletrônico e pagar R$ 33 pela folha com 12 selos. As peças chegam em dez dias úteis", detalha Juliano José Marcola, gerente da agência.
Quando pedidos em grandes quantidades, os selos personalizados custam menos. Se a encomenda for de duas folhas com 12 selos, cada um custará R$ 25, por exemplo. Para despertar o interesse pela filatelia nas crianças os Correios também investem no projeto "Arte de colecionar". "Basta as instituições de ensino nos solicitarem que passamos um vídeo sobre o tema nas escolas", completa Juliano.
"A agência onde o guichê filatélico está instalado fica na rua Princesa Isabel, 394, Centro. Quem tiver dúvidas, pode ligar no 3433-1574. E quem tiver interesse em participar das reuniões da Associação Filatélica de Joinville deve procurar o grupo na Cidadela Cultural Antartica, na rua 15 de Novembro, 1.383, no América, aos domingos, às 9h30.

*   *   *

Em 31 de julho de 1943, o jornal são-bentense O aço publicou um artigo fornecido pela Agência Nacional de Notícias sobre o centenário do Olho de Boi, celebrado naquele distante ano de 1943. Como a matéria de Rosar trata da filatelia, tendo como mote o Dia Nacional do Selo, comemorado no dia de aniversário do Olho de Boi, creio que a transcrição do artigo seja oportuna (WON).

Olhos de Boi.
Vai o Brasil comemorar o centenário dos seus primeiros selos do correio, os famosos "OLHOS DE BOI" cobiçados hoje pelos colecionadores do mundo inteiro. Parecerá talvez que a ocasião não justifica maiores celebrações dum fato tão secundário. Mas há uma pequena circunstancia que melhor fundamenta os atuais festejos. É que a emissão de 1843 não deu apenas ao Brasil sua primeira serie de selos; forneceu tambem ao mundo nova prova de aspírito progressista que animava os nossos dirigentes.
Porque o Brasil foi o segundo país do mundo a adotar a inovação introduzida nos correios ingleses por Rowland Mill [sic.]. Enquanto as nações mais cultas e adiantadas do globo olhavam com desconfiança para o novo invento, no Brasil – então ainda um legítimo país ‘lá bas’ – já se adotava a utilíssima ideia, que vinha resolver de uma vez o antigo problema da taxação de correspondencia. Depois, um a um, foram todos seguindo o exemplo, da França, Estados Unidos, Itália e outros ao Afganistão, Tibé, Hawaii e semelhantes países quase a margem do mundo.
Provava-se a clara visão com que haviam agido os homens do Brasil, ao fazerem imprimir a primeira emissão de selos. E é essa visão, o espírito do progresso que nada se expressava, o que se comemora no primeiro centenário dos "OLHOS DE BOI" (A. N.).

Referências:
Olhos de Boi. O aço. São Bento, v. 7, n. 48, p. 1, 31 de julho de 1943.
ROSAR, Rosana. No Dia do Selo, um marco está de volta. Notícias do dia. Joinville, v. 6, n. 1789, p. 3, 01 de agosto de 2012.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Meus pêsames.

Entre as correspondências que recebi recentemente, encontra-se um pequeno lote de três envelopes circulados alemães de janeiro de 1937 endereçados a uma certa família Malischenski, situada na cidade de Essen, localizada no oeste da Alemanha. Cada um deles foi porteado com um selo regular de 3 Rpf. Suas respectivas obliterações, apesar de limpas e nítidas, não contém nada de especial.
Contudo, essas três cartas chamaram-me a atenção por uma razão bem interessante e pouco conhecida entre as pessoas que não estão acostumadas com a filatelia: tratam-se de correspondências de condolências, fato este evidenciado pelas linhas negras pintadas sobre as bordas dos envelopes. Antigamente, era comum as pessoas enviar cartas aos familiares de amigos ou pessoas próximas falecidos, em um sinal de luto.
Com o tempo, o costume entrou em declínio, sendo hoje, talvez, inexistente. Porém, os envelopes de condolências são ricos documentos a partir dos quais podemos conhecer um pouco das atitudes que nós, seres humanos, temos diante da morte. A forma com a qual lidamos com a morte varia no tempo e no espaço. Os vestígios mais antigos de rituais fúnebres entre os membros da nossa espécie, Homo sapiens sapiens, remontam ao período pré-histórico. Da mesma forma que a linguagem, os rituais fúnebres são o indício de uma revolução no campo das ideias, pois sua existência depende de um universo simbólico que somente é possível através do pensamento abstrato que, por sua vez, deu origem ao nosso mundo.
Envelope circulado dentro da cidade de Essen (11/01/1937). Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
Envelope circulado entre as cidade de Duisburg (09/01/1937) e Essen - sem data de chegada registrada. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
 Envelope circulado dentro da cidade de Essen (08/01/1937). Acervo: Wilson de Oliveira Neto.

Fatos que me intrigam.
Ao examinar esses três envelopes, percebi que as identidades dos remetentes foram ocultadas, ou seja, ela não aparecem manuscritas nos versos dos envelopes, como seria de esperar em uma correspondência. Seria esse fato parte da etiqueta reservada às cartas de luto?
Outro detalhe que chamou a minha atenção são os valores pagos em cada uma dessas três cartas - 3 Reichspfennige, metade do valor pago por um postkarte! Uma carta comum, circulada dentro da Alemanha custava na época 12 Rpf. Suponho que 3 Rpf. seja um preço de um possível porte especial para esse tipo de correspondência, tal como ocorreu no Brasil de outrora.