quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Meus pêsames.

Entre as correspondências que recebi recentemente, encontra-se um pequeno lote de três envelopes circulados alemães de janeiro de 1937 endereçados a uma certa família Malischenski, situada na cidade de Essen, localizada no oeste da Alemanha. Cada um deles foi porteado com um selo regular de 3 Rpf. Suas respectivas obliterações, apesar de limpas e nítidas, não contém nada de especial.
Contudo, essas três cartas chamaram-me a atenção por uma razão bem interessante e pouco conhecida entre as pessoas que não estão acostumadas com a filatelia: tratam-se de correspondências de condolências, fato este evidenciado pelas linhas negras pintadas sobre as bordas dos envelopes. Antigamente, era comum as pessoas enviar cartas aos familiares de amigos ou pessoas próximas falecidos, em um sinal de luto.
Com o tempo, o costume entrou em declínio, sendo hoje, talvez, inexistente. Porém, os envelopes de condolências são ricos documentos a partir dos quais podemos conhecer um pouco das atitudes que nós, seres humanos, temos diante da morte. A forma com a qual lidamos com a morte varia no tempo e no espaço. Os vestígios mais antigos de rituais fúnebres entre os membros da nossa espécie, Homo sapiens sapiens, remontam ao período pré-histórico. Da mesma forma que a linguagem, os rituais fúnebres são o indício de uma revolução no campo das ideias, pois sua existência depende de um universo simbólico que somente é possível através do pensamento abstrato que, por sua vez, deu origem ao nosso mundo.
Envelope circulado dentro da cidade de Essen (11/01/1937). Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
Envelope circulado entre as cidade de Duisburg (09/01/1937) e Essen - sem data de chegada registrada. Acervo: Wilson de Oliveira Neto.
 Envelope circulado dentro da cidade de Essen (08/01/1937). Acervo: Wilson de Oliveira Neto.

Fatos que me intrigam.
Ao examinar esses três envelopes, percebi que as identidades dos remetentes foram ocultadas, ou seja, ela não aparecem manuscritas nos versos dos envelopes, como seria de esperar em uma correspondência. Seria esse fato parte da etiqueta reservada às cartas de luto?
Outro detalhe que chamou a minha atenção são os valores pagos em cada uma dessas três cartas - 3 Reichspfennige, metade do valor pago por um postkarte! Uma carta comum, circulada dentro da Alemanha custava na época 12 Rpf. Suponho que 3 Rpf. seja um preço de um possível porte especial para esse tipo de correspondência, tal como ocorreu no Brasil de outrora.

2 comentários:

  1. Legal meu amigo mesmo selo mas nao a mesma estoria ^^

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  2. Que bom que você gostou Mitch! Esses envelopes são muito interessantes. Eu pretendo publicar mais coisas sobre o assunto.

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