quarta-feira, 29 de julho de 2020

Memória da Associação Filatélica de Joinville - AFJ.

A Associação Filatélica de Joinville - AFJ foi fundada em 13 de abril de 1945. Durante décadas, ela foi um espaço de difusão da filatelia em Joinville e mesmo em Santa Catarina, através dos seus encontros, das suas exposições e reuniões ordinárias.

Eu frequentei o clube durante a década de 1990, quando adolescente. Lá, por meio de mestres como o saudoso Wolfgang H. Kohls, tornei-me filatelistas e iniciei coleções de países e temas, muitos dos quais coleciono até hoje.

Infelizmente, ela não está mais ativa. O patrimônio documental da AFJ está disperso entre seus antigos sócios, entre os quais, eu. Tão importante quanto a filatelia ser retomada em Joinville por novos e antigos colecionadores, é a preservação e a divulgação da história da AFJ.

Portanto, se você que está lendo esta postagem possuir alguma fotografia ou documento relacionado à memória e à história da Associação Filatélica de Joinville, peço um pequeno favor: entre em contato comigo através do e-mail wilhist@gmail.com.

Eu gostaria muito de obter uma cópia do seu documento e publicá-lá aqui no blog.

Jovens filatelistas.

A imagem a seguir é a reprodução de uma fotografia em que foi retratado um grupo de jovens colecionadores e três filatelistas que fazem parte da história da AFJ e da filatelia em Joinville: da esquerda para a direita, Mário Schwochow, Norberto Colin e Oscar Piske.

Coleção do autor.

O retrato original data de 1968 e sobre o seu verso, foi datilografado o seguinte registro: "Reuniões aos Sábados, para jovens filatelistas. Aulas sobre Filatelia, a arte de colecionar selos. Professores: Mário Schwochow, Norberto Colin e Oscar Piske. Joinville, 1968".

Não foi possível identificar os jovens fotografados.

sábado, 25 de julho de 2020

Flâmulas.

A prática da Filatelia não envolve somente os selos postais. Além deles, as marcas postais, os "carimbos", também são objetos de catalogação, estudos e coleção pelos filatelistas.

Há diversos tipos de marcas postais, inclusive, anteriores ao surgimento do selo postal, em 1840.

As flâmulas são um tipo de marca postal. Suas origens estão relacionadas à introdução das máquinas de franquia mecânica, durante o começo do século XX [1].

Figura 1: envelope circulado entre as cidades de Hamburgo (Alemanha, 27/09/1946) e São Paulo. Obliteração mecânica acompanhada por uma flâmula de propaganda do governo alemão da época: "Votar é obrigatório!". Coleção do autor.

Sérgio Marques da Silva define as flâmulas como "impressões mecânicas usadas para propaganda turística, campanhas diversas e até comerciais e toda e qualquer campanha para promoção através de franquia mecânica" [2], definição essa ilustrada pela figura 1.

Flâmulas e filatelia temática.

"Em virtude [...] das ilustrações e legendas especiais [...], a flâmula passou a ser buscada com frequência pelos colecionadores", revela Raymundo Galvão de Queiroz [3]. Para ele, as flâmulas são "peças magníficas, com grande poder de ilustração" [4].

Devido às suas características, as flâmulas são itens significativos para coleções temáticas e mesmo de história postal.

Notas:

[1] - QUEIROZ, R. G. (1984) - O que é Filatelia. Brasiliense. São Paulo, p. 61.
[2] - SILVA, S. M. (1995) - Selos postais do mundo. João Scotecci Editora, São Paulo, p. 87.
[3] - QUEIROZ, R. G. op. cit., p. 61.
[4] - Ibidem, idem, p. 61.

terça-feira, 21 de julho de 2020

Envelope circulado pelo Serviço Postal da Força Expedicionária Brasileira - SPFEB.

Envelope circulado entre o endereço postal 269 (Itália, 09/02/1945) e a cidade do Rio de Janeiro - DF. Trânsitos pelo Correio Regulador (Livorno, Itália, 15/02/1945) e pelo Correio Coletor Sul (Rio de Janeiro - DF, 27/02/1945). Carimbo de censor número "8". Carta simples e isenta de selo postal (figura 1).

Figura 1: frente do envelope destinado à Sra. Francisca Molizani. Coleção do autor.

O endereço postal FEB 269 corresponde ao I Grupo do 1. Regimento de Artilharia Pesada Curta da Força Expedicionária Brasileira - FEB.

O remetente, Sd Jarbas SALOMÃO seguiu para a Itália no 3. Escalão da FEB, em 22/09/1944. Desembarcou em Nápoles em 06/10/1944. Retornou ao Brasil no 2. Escalão, entre 16 e 22/08/1945.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Você sabe as diferenças entre um selo postal e uma "cinderela"?

Uma "cinderela" e um selo postal são estampilhas autoadesivas que são fixadas em envelopes e demais tipos de correspondências postais, como por exemplo, um aerograma.

Contudo, não são a mesma coisa e costumam confundir leigos e mesmo filatelistas iniciantes.

Figura 1: exemplos de cinderelas de propaganda de guerra. Coleção do autor.

Um selo postal é, basicamente, uma etiqueta impressa com um determinado valor monetário emitida por uma autoridade postal com o objetivo de comprovar o pagamento de uma franquia postal por uma pessoa física ou jurídica.

Já as cinderelas não têm valor postal. Não são emitidas oficialmente por uma autoridade postal, como os Correios. Elas são impressas por particulares com objetivos propagandísticos e podem ser fixadas sobre envelopes e demais formas de correspondências.

Em muitos casos, as cinderelas fixadas sobre um envelope podem ser "amarradas" através da aplicação de um carimbo datador/obliterador pelo agente postal (figura 2). Esse tipo de marca postal ajuda na avaliação da autenticidade de uma cinderela fixada sobre um envelope e sua localização no tempo e no espaço.

Figura 2: verso de um envelope circulado entre as cidades de Mumbai e Victoria, 1941. Coleção do autor.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), foram impressas inúmeras cinderelas pelos países beligerantes, entre os quais o Brasil (figura 3).

Figura 3: quadra de cinderelas pró-Polônia no Brasil. Coleção do autor.

Contudo, não existe no Brasil um catálogo sobre esse tipo de material de propaganda, que costuma aparecer aqui e acolá, em leilões, lojas de antiguidades e mercados de pulgas.

A ausência de catalogação e cotação sistemática, além da proibição do uso de cinderelas em exposições filatélicas oficiais, tornam difícil o estabelecimento de preços desse tipo de material no mercado, cujo valor varia conforme a lábia de quem vende ou de quem compra >:(

Apesar desses problemas, as cinderelas são estampilhas interessantíssimas, sendo fontes históricas muito legais para estudos de temas diversos, tais como a propaganda de guerra. Ou, em pesquisas sobre Iconografia e Cultura Visual.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Você já ouviu falar em Saarland?

Veja a figura a seguir:

Coleção do autor.

Trata-se da frente de um envelope circulado entre as cidades de Spiesen-Elversberg (Alemanha, 15/06/1959) e Porto Alegre (Brasil, 18/06/1959), transportado pelo serviço de correio aéreo, conforme indica o carimbo de chegada aplicado sobre o seu verso.

Se você observar atentamente os selos postais fixados sobre o envelope, constatará duas coisas: 1) junto com o nome Deutsche Bundespost há a palavra "Saarland"; 2) O Franco (Fr.), ao invés do Marco (M), como moeda usada nos respectivos valores faciais dos selos.

Saarland

O território que compõe o Sarre, nome com o qual o Saarland é conhecido em português, está localizado no sudeste da Alemanha, sendo um dos dezesseis Estados que formam a República Federal da Alemanha, chamados de Bundesländer.

A história do Sarre remonta aos períodos antigo e medieval. Contudo, para a filatelia alemã, interessa o recorte temporal situado entre o final do século XVIII e 1957. Pois, ao longo desse período, a posse do Sarre foi disputada entre alemães e franceses.

Em se tratando de história postal alemã, a trajetória desse território é periodizada em Saargebiet (Área do Sarre) e Saarland (1920 - 1935); Saarland (1947 - 1956); Oberpostdirektion - OPD Saarbrücken (1957 - 1959) [1].

Na época em que o envelope que faz parte desta postagem foi enviado a Porto Alegre, o Sarre estava sendo integrado à Alemanha como um dos seus Estados, após um período de dez anos como Protetorado francês, criado após o término da Segunda Guerra Mundial na Europa.

A união com a Alemanha foi referendada pelos habitantes do Sarre em 1. de janeiro de 1957. Atualmente, a população do Sarre é estimada em um milhão e dezoito mil habitantes, governados por Tobias Hans. Sua capital é a cidade de Saarbrücken.

Nota:

MICHEL (2000) - Deutschland-Katalog 2000/2001. Schwaneberger Verlag GMBH. Munique, p. 169 - 188.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Notas para uma história da Filatelia.

Filatelia é o nome dado à prática de colecionar e estudar selos e demais documentos ligados à história das comunicações postais.  Essa é a minha definição.

Contudo, há outras definições possíveis para esse tipo de colecionismo. Em seu Manual de Filatelia, Pereira e César, por exemplo, compreendem a Filatelia como "a arte, a ciência, a mania de colecionar selos postais e peças que tenham relacionamento com o franqueamento postal (peças filatélicas)" [1].

Não existe uma definição oficial de Filatelia e, aqui entre nós, os filatelistas não ligam muito para isso. Porém, existe algo que é recorrente em todas as definições de Filatelia que até hoje eu li: a relação entre colecionar selos postais e a cultura geral.

Costumo dizer que a Filatelia é um convite ao estudo. Pois, na medida que o filatelista se envolve com os seus selos, ele sente a necessidade de adquirir, cada vez mais, conteúdos e saberes relacionados com o país ou o tema que coleciona.

Mas, quando tudo isso começou? A maioria dos filatelistas domina com maestria os inúmeros aspectos do colecionismo filatélico. Conseguem, por exemplo, traçar os caminhos pelos quais uma correspondência do século XVI percorreu até chegar ao seu destino.

Contudo, o que sabemos sobre a história da Filatelia?

Tal como as demais atividades humanas, a prática do colecionismo filatélico tem historicidade que possui uma expressão material, a exemplo, os objetos que ela envolve, e outra imaterial, que corresponde aos conhecimentos, às técnicas e mesmo os reflexos coletivos e individuais que ser filatelista produz.

Ao responder por que e para que estudamos história, o professor Caio Boschi respondeu, entre outras coisas, que estudamos o passado através da História para "proporcionar aos homens viverem melhor o seu presente" [2]. Vou ao encontro dessas palavras e digo mais: em parte, estudamos história para compreendermos quem nós somos.

Logo, além da preservação de todo um patrimônio histórico, uma história da Filatelia contribui para compreendermos as origens e as transformações da nossa própria prática, tantos nos seus aspectos materiais quanto imateriais.

Então, que tal sabermos mais sobre essa história?

Notas:

[1] - PEREIRA, A. C.; CÉSAR, C. D. Manual de Filatelia. s.n.t., p. 1.
[2] - BOSCHI, Caio. História: por que e para quê? Nossa história, Rio de Janeiro, v. 1, n. 11, p. 98, set. 2004.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Selos sobre discos voadores?

Observe a imagem a seguir:

Figura 1: sextilha de cinderelas alusivas aos supostos discos voadores alemães da época da Segunda Guerra Mundial. Fonte: Filatelia Ananias, Facebook.

De vez em quando, essa imagem aparece em blogues ou em redes sociais dedicados à Filatelia. A respeito dela, há muitas informações desencontradas, imprecisas e mesmo falsas. Teriam os responsáveis pelas emissões postais dos Correios da Alemanha, durante o regime nacional-socialista e a Segunda Guerra Mundial, pensado em lançar uma série comemorativa sobre "discos voadores"? Ou, tudo isso não passa de uma brincadeira que alimenta décadas de especulações sobre um suposto desenvolvimento de discos voadores pelo cientistas alemães?

Foge ao escopo desta postagem abordar as temáticas dos programas de armas secretas alemãs da Segunda Guerra Mundial e da vida extraterrestre, embora boas informações sobre esses assuntos podem ser coletadas nos trabalhos de Brian Ford [1] e Marcelo Gleiser [2].

Apesar de bonitinha e divertida, essa sextilha não tem relação alguma com as emissões regulares, comemorativas e oficiais dos Correios alemães da época do Terceiro Reich. Não há referência alguma nos catálogos Michel a seu respeito, assim como nos catálogos universais Yvert e Scott.

Embora a fonte usada na impressão de Deutsches Reich, nome oficial da Alemanha entre 1871 e 1945, seja semelhante às fontes usadas em emissões comemorativas alemãs lançadas entre 1940 e 1945, a exemplo da série alusiva ao Dia das Forças Armadas  de 1943 (Mi., 831-842), nunca foram emitidos selos de 9 e 16 centavos de Marcos. Além disso, há incoerência entre os valores faciais dos supostos selos e suas respectivas cores com as quais foram impressos.

Mas, então... o que essas imagens representam?

Até a publicação desta postagem, o autor não conseguiu a apurar com precisão irrefutável as origens desse material. É certo que não são mais que figurinhas ou, na melhor das hipóteses, de "cinderelas", isto é, estampilhas produzidas por particulares para atender determinado objetivo propagandístico. Elas também são chamadas de "vinhetas" e não possuem valor postal algum, apesar de colecionáveis.

Quem seria o autor dessas "cinderelas"?

Em algumas referências a respeito delas encontradas em blogues e grupos de redes sociais, a autoria é atribuída ao ufólogo americano Jim Nichols. Já em outras, a divulgação dessas figurinhas está ligada à uma revista de Ufologia dos Estados Unidos. Contudo, tudo muito vago, sendo difícil checar os fatos [3].

Enfim, certamente não se tratam de selos postais ou qualquer outro material relacionado ao projeto de um selo postal - esboço, ensaio ou prova. Não constam em catálogos e muito menos são reconhecidos pelas entidades filatélicas alemãs.

Mas, sim, são muito legais e alimentam o imaginário social sobre discos voadores, OVINIS e... "aliens"!!!

Nada mais que isso.

Notas:

[1] - FORD, B. (1973) - Armas secretas alemãs. Renes. Rio de Janeiro.
[2] - GLEISER, M. (2006) - Poeira das estrelas. Globo. Rio de Janeiro.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Vitória dos Aliados!

A vitória aliada na Europa, em maio de 1945, foi celebrada pelo então Departamento de Correios e Telégrados - DCT com duas emissões comemorativas lançadas em 8 de maio e 17 de julho de 1945 [1].

Sobre o envelope que faz parte desta postagem foram fixados os cinco valores que formam a série lançada em 8 de maio, denominada "Vitória dos Aliados" [2].

Figura 1: frente do envelope. Coleção do autor.

Foram aplicados sobre esses selos um carimbo comemorativo (CBC) e uma obliteração mecânica acompanhada por uma flâmula com a seguinte frase: "Glória aos povos que forjaram a vitória". Essa frase também aparece no CBC.

Ainda sobre o carimbo comemorativo, Rolf Harald Meyer explica que:

"Os correios determinaram o uso dos selos do Dia da Vitória quando deveria ser usado um carimbo especial nas seguintes cidades: Bahia [sic.], Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Em poucas cidades foram usados os carimbos no dia 8; por determinação superior, essa data também foi carimbada ainda que posteriormente" [3].

Notas:

[1] - MEYER, P. (2013) - Catálogo de selos do Brasil 2013. 58. ed. Editora RHM Ltda. São Paulo, p. 353.
[2] - Ibidem, p. 353.
[3] - MEYER, R. H. (1985) - Catálogo de selos Brasil 85. 43. ed. Edição do autor. s.l., p. 172.