A Filatelia foi a minha porta de entrada para outros colecionismos, especialmente de itens ligados à Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945).
Além de selos e demais documentos postais relacionados ao conflito, eu também coleciono cartões postais, cédulas e moedas militares, fotografias, periódicos e recordatórios.
Aliás, foi através das fotografias que coleciono, que surgiu o projeto que resultou na minha Tese de Doutorado em Comunicação e Cultura, que defendi no começo deste ano (2020) na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro - ECO/UFRJ.
Os recordatórios.
Observe atentamente a imagem a seguir:
Legal, né? Você já conhecia esse tipo de impresso?
Trata-se da frente do recordatório do Cabo Josef Bleitzhofer, que serviu em um Regimento de Artilharia da força terrestre alemã, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele nasceu em 12 de fevereiro de 1910 e morreu lutando na Frente Oriental (Rússia), em 3 de fevereiro de 1944, próximo do seu aniversário de 34 anos de idade.
Mas, o que é um recordatório?
O recordatório é uma forma impresso acerca de alguém que faleceu. Ele faz parte das tradições católicas alusivas à morte e à salvação da alma de quem morreu. Quando uma pessoa morre, é costume a família enlutada oferecer uma espécie de recordação do falecido após seu sepultamento ou sua missa fúnebre. Também é comum enviar em resposta à uma carta de condolências recebida.
Do ponto de vista católico, o recordatório é uma forma dos vivos contribuírem com a expiação dos pecados, da passagem pelo Purgatório e, finalmente, pela salvação da alma de uma pessoa morta.
A importância de recordar.
"Como regra, os recordatórios recebidos são colocados no livro de orações para que os mortos sejam sempre lembrados e uma oração especial seja dedicada a eles quando vai à Igreja" [1].
Afinal, como ensina o historiador francês Jacques Le Goff, a memória e a história são fundamentais no Judaísmo e no Cristianismo, as chamadas religiões de recordação. Para o Cristianismo, o ensino é memória e o culto é recordação [2].
Ainda em Le Goff, na Cristandade, o templo é um lugar de memória, dentro do qual ocorrem diversos rituais de recordação [3], sendo os recordatórios um dos seus meios.
Notas:
[1] - http://wiki-de.genealogy.net/Totenzettel.
[2] - LE GOFF, J. (1996) - História e memória. Editora UNICAMP. Campinas, p. 443.
[3] - Ibidem, p. 449.
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