quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Síntese histórica e filatélica sobre a censura postal na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, parte 2.

Sem mais delongas, vamos direito ao assunto e dar sequência ao resumo histórico e filatélico da prática da censura postal na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial.

Uma censura rigorosa.

A prática da censura postal na Alemanha foi criteriosa, apesar de, quantitativamente, ser realizada por meio de amostragem, conforme foi mencionado na postagem anterior. Foram alvos da censura correspondência remetidas ou destinadas à Alemanha, assim como correspondências que tiveram trânsito pelo território alemão [1].

A figura a seguir, é um exemplo de censura realizada em uma correspondência em trânsito pela Alemanha. Trata-se, de um bilhete postal circulado entre as cidades de Zurique (Suíça, 17/V/1943) e Londres (Grã-Bretanha - sem data de chegada registrada).

Figura 1: frente do bilhete postal com destaque para os carimbos de censura e censor. Coleção do autor.

O bilhete postal foi transportado pelo serviço de correio aéreo. É certo que o avião que transportava a mala postal em que "viajava" o bilhete fez uma escala em Berlim, onde suas correspondências foram interceptadas e verificadas pelo Escritório de Censura localizado na capital alemã, conforme revela a letra "b" presente no carimbo de censura alemão aplicado sobre o próprio bilhete.

Se isso não bastasse, em Londres, o bilhete postal sofreu uma nova verificação, desta vez, pelo serviço de censura postal britânico, como é possível confirmar por meio do carimbo de censor aplicado próximo ao selo postal fixado sobre o canto superior direito do bilhete.

Contudo, não sabemos se isso ocorreu na Alemanha ou na Grã-Bretanha, mas aquela "mancha" azul que aparece no canto esquerdo do bilhete postal foi um contrastante que foi passado para descobrir se havia alguma mensagem secreta, redigida com "tinta simpática", ou seja, uma tinta invisível.

Para a sorte da "querida" senhora Heldmann, destinatária, que na época morava em algum lugar do bairro londrino de Bridge Lane, o bilhete postal foi liberado pelos dois serviços de censura postal.

Mas, quais eram as razões para uma correspondência não ser aprovada pelos censores e ser devolvida ao remetente?

Uma lista de razões.

As correspondências que não eram aprovadas pelos censores eram devolvidas ao remetente, "zurück". Dentro do envelope cujo conteúdo foi reprovado, ia uma ficha com uma lista de itens, sendo um (ou mais) marcado pelo censor e que servia de justificativa para o retorno da correspondência ao remetente [2].

Poderiam ser devolvidas ao remetente correspondências escritas em idiomas artificiais ou secretos; em hebraico ou iídiche; com enigmas ou jogos, como por exemplo, caça-palavras. O rigor dos censores nas correspondências dos Campos de Concentração e dos Guetos era maior, sendo obrigatório o uso escrito da língua alemã tanto para as correspondências remetidas quanto para as correspondências recebidas [3].

Notas:

[2] - Ibidem.
[3] - Ibidem.

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