terça-feira, 1 de janeiro de 2013

História postal geral e do Brasil - 4.

Holocausto é o nome dado ao extermínio de aproximadamente seis milhões de judeus na Europa, entre 1933 e 1945. Esse processo foi conduzido por membros do regime nacional-socialista na Alemanha, em particular as SS. Porém, ele contou com a colaboração de países e populações aliadas dos alemães, como por exemplo, os lituanos e os ucranianos que habitavam a região do Ostland, as terras do Leste Europeu ocupadas por tropas da Alemanha, a partir dos anos iniciais da Segunda Guerra Mundial (1939/45). Um aspecto marcante do holocausto judeu foi a criação de guetos, como por exemplo, o da cidade de Lodz, na Polônia. Nesses locais, as comunidades judaicas eram reunidas e isoladas das demais populações locais (CARNEIRO, 2002; GILBERT, 2010).
Nesta postagem, transcrevemos trechos da obra de Martin Gilbert, O Holocausto (2010), em que o autor fornece informações sobre a história postal do Gueto de Lodz, entre 1941 e 1942, época em que funcionou um sistema de envio e recebimento de correspondências para os seus internos. De acordo com o autor:

"Desde novembro de 1941, as autoridades alemãs em Lodz haviam instituído um serviço postal judaico, para que cartões postais pudessem ser enviados para fora do gueto. Centenas de cartões foram escritos por residentes do gueto, endereçados a parentes e amigos na Polônia e na Tcheco-Eslováquia. Durante seis meses, até ser suspenso em 5 de junho de 1942, esse serviço postal deu aos habitantes do gueto uma sensação de segurança, de ligação com o mundo exterior. A maioria dos cartões que restaram nunca deixaram o gueto: neles estão sobreimpressas mensagens que indicam que os alemães não quiseram que chegassem a seus destinos. Essas impressões diziam: 'Escreva legível!', 'sujo!', 'ininteligível', ou 'hebraico, ídiche, idioma não permitido'" (GILBERT, 2010, p. 255-256).

Além disso:

"Alguns cartões, entretanto, chegaram ao seu destino. Oskar e Paula Stein, deportados de Praga para Lodz em outubro de 1941, escreveram três cartões para um parente em Praga. Todos chegaram ao destinatário. 'Mande-nos sempre que possível', dizia uma mensagem, 'a quantidade máxima permitida, porque necessitamos de dinheiro com urgência'. Um dos cartões enviados aos Steins, contudo, foi devolvido a Praga com uma anotação no carimbo: 'Devolução. No momento não há entrega de correio na rua do endereçado'" (Ibidem, p. 256).

Finalizando, é necessário fazer um pequeno esclarecimento. Quando o autor mencionou o envio de cartões postais, não se tratam de cartões postais comuns, ilustrados com fotografias e demais desenhos, mas de "bilhetes postais". Isto é, pequenos cartões usados para o envio de mensagens rápidas a um determinado destinatário. Na língua alemã, bilhete e cartão postais são denominados postkarte. Talvez, durante a pesquisa que deu origem ao seu livro, o historiador deve ter se deparado com essa palavra e, como o mesmo não é filatelista, acabou traduzindo como "cartões postais".
Área do Gueto de Lodz. Fonte: http://www.fold3.com/page/286160716_the_lodz_ghetto_1940_1944/

Referências:
CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Holocausto: crime contra a humanidade. São Paulo: Ática, 2002 (História em Movimento).
GILBERT, Martin. O Holocausto: história dos judeus da Europa na Segunda Guerra Mundial. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2010. 

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