quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

De Havana para Joinville.

Envelope circulado entre as cidades de Havana (Cuba, 14/04/1944) e Joinville (SC, data de chegada ilegível), com trânsito pelo Rio de Janeiro (DF, 16/06/1944). Carta simples, que sofreu dupla censura: a primeira verificação ocorreu em Cuba, quando a correspondência foi despachada para o Brasil, conforme comprova o carimbo de censor aplicado sobre o canto inferior do envelope, ao lado esquerdo do nome e do endereço do destinatário, um certo Sr. Alfredo Koch. No entanto, não foram encontrados indícios de que o envelope foi aberto e seu conteúdo checado pelo serviço de censura postal da República de Cuba; já a segunda verificação ocorreu no Distrito Federal, na época a cidade do Rio de Janeiro, conforme comprovam os carimbos de censura e de censor aplicados sobre o envelope, além da fita com a qual a correspondência foi lacrada após a verificação do seu conteúdo.
 
Figura 1: frente do envelope, em que é possível ver o carimbo do censor cubano e parte da fita usada pelo censor brasileiro para lacrar o envelope após a checagem do seu conteúdo. Coleção: Wilson de Oliveira Neto.
 
Figura 2: verso do envelope, sobre o qual foram aplicados carimbos de censor (retangular) e de censura (circular), além do carimbo de chegada em Joinville, infelizmente ilegível, e a fita de lacre. Coleção: Wilson de Oliveira Neto.
 
Em fevereiro de 1942, o governo brasileiro cortou as relações diplomáticas com os países do Eixo - Alemanha, Itália e Jãpão. Em agosto daquele mesmo ano, o Brasil entrou em estado de guerra contra a Alemanha e a Itália. A prática da censura postal, que já ocorria no país como forma de controle policial e social, foi intensificada, particularmente nas grandes cidades brasileiras e nas zonas de colonização europeia (alemã e italiana) localizadas no sul do Brasil. Afinal, foi constatada uma rede de espionagem militar alemã no país e os correios eram um dos meios usados pelos espiões para o envio e o recebimento de mensagens secretas. Logo, todo o cuidado era pouco, especialmente quando se tratava do trânsito de malas postais pelas regiões de colonização alemã no Brasil meridional, historicamente ligadas à Alemanha, país de origem dos seus pioneiros e habitantes.


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